quarta-feira, abril 13

GATOS - O perigo das cercas elétricas de casas e condomínios

Instaladas para proteger casas e condomínios da ação dos ladrões, as cercas elétricas contabilizam um número crescente de vítimas inocentes: os gatos. Em São Paulo, hospitais veterinários acusam um incremento de até 20% no atendimento dos felinos --decorrência de choques elétricos provocados pelas cercas que se espalham sem fiscalização pela cidade. Na teoria, os obstáculos elétricos serviriam apenas para afugentar os ladrões. Para isso, cercas instaladas de acordo com as prescrições da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) são ligadas a eletrodos com tensão de até 10 mil volts, que descarregam correntes elétricas intermitentes da ordem de 5 miliampères (fracas). O problema é que em gatos, com massa corporal da ordem de 1/20 daquela de um homem adulto, o choque será sentido de forma muito mais intensa, grosso modo, 20 vezes mais forte, afirma a física e pesquisadora Tereza Daltro, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da USP. Queimaduras nas patas e bocas, alterações neurológicas, convulsões, taquicardias e paradas cardiorrespiratórias, perda de consciência, fraturas, traumatismos cranianos, hemorragias cerebrais, edemas pulmonares, além de traumas psicológicos, são as consequências mais frequentes em felinos que sofrem choques nas cercas elétricas. Muitos morrem.
O principal problema é que os gatos têm hábitos que favorecem o desenlace trágico: são curiosos, exploradores, andam em telhados e muros --exatamente onde as cercas são instaladas. Sob a ação do choque, os animais ficam completamente desnorteados - alguns até desmaiam. O resultado é que caem de qualquer jeito, de onde decorrem as múltiplas fraturas e traumatismos - um dos sintomas mais frequentes é a fissura do céu da boca (o palato), que causa sangramento pelas narinas, dificuldades para respirar e que, sem tratamento, pode levar ainda a um
quadro de infecção generalizada.
Mário Marcondes, diretor clínico do Hospital Veterinário Sena Madureira, um dos mais bem equipados de São Paulo, afirma que gatos vitimados por cercas elétricas já respondem por 5% de todos os atendimentos por traumas, incluídos os atropelamentos. “Pode ser bem mais, já que muitos proprietários desconhecem
a razão do ferimento de seu gato”, diz. Os gatos precisam ser protegidos por seus donos. Talvez a melhor coisa a fazer seja instalar telas e impedir o gato de subir aos telhados, de sair para dar seus passeios. O
que acontece em São Paulo, serve de alerta para nossos bichanos gaúchos, não?

Fonte: ANDA – Agência Nacional de Direitos Animais


(Matéria publicada na edição 15)

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