sábado, setembro 3

Acupuntura na Medicina Veterinária



    *Por Jussara Zani Maia

Quem ainda não ouviu algum vizinho, parente ou conhecido narrar que seu cão, gato ou equino fez sessões de acupuntura? Atualmente, esta é uma área da Medicina Veterinária muito divulgada e muito procurada.
Muitas vezes podemos nos perguntar: como é que um cão vai permitir que se introduzam agulhas em pontos diferentes da pele e que ainda por cima permaneça com elas, sem se incomodar, sem arrancá-las do lugar e sem morder o médico veterinário ou seu dono? Bem, a verdade é que a maioria os pacientes não só aceita a colocação das agulhas como inclusive demonstra certa tranquilidade após alguns minutos da utilização da terapia. Dificilmente um paciente não vai permitir o agulhamento ou puntura, salvo em casos extremos de animais muito agressivos.
A acupuntura, palavra originada do latim (accus = agulha; pungare= perfurar) é uma ramo da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que consiste na introdução de agulhas, próprias para tal fim, em pontos específicos do corpo.  Além da acupuntura, a MTC também abrange a fitoterapia, a auriculoterapia, a moxabustão, a ventosaterapia e o tuiná.
Na visão oriental, o corpo é constituído de canais sutis denominados de meridianos, onde circula a energia (Qi) e o sangue (Xue). Os meridianos unificam o corpo, comunicando os órgãos internos com a parte mais externa do corpo.  Na superfície corpórea ao longo de cada meridiano encontramos diversos pontos de acupuntura, os acupontos, que são identificados pela letra inicial do órgão referido e um número. Por exemplo o terceiro ponto do meridiano da Bexiga, denominado de B3. A existência dos acupuntos e dos meridianos já foi comprovada em estudos científicos ocidentais.
 Os órgãos, na MTC, são denominados de zang fu e dividem-se em seis órgãos yin e seus acoplados yang, totalizando doze órgãos. Na teoria, estes órgãos têm uma conotação muito mais de função do que de estrutura, diferente do que ocorre na medicina ocidental, onde as doenças dependem do mau funcionamento relacionado à estrutura do órgão.
 Todo excesso, deficiência ou estagnação de energia ou sangue nos meridianos é a origem de todas as doenças, pois a saúde, para esta filosofia, vem do equilíbrio entre duas energias opostas e complementares, o Yin e o Yang.
Os primeiros relatos da utilização da acupuntura na Medicina Veterinária datam de 5.000 anos atrás, sendo esta introduzida no ocidente a partir e 1762, na França, difundindo-se a partir daí por toda a Europa. No Brasil, a acupuntura teve seu desenvolvimento a partir a década de 80 e a fundação da Associação Brasileira de Acupuntura Veterinária deu-se em 1999.
As indicações para a utilização da acupuntura são muitas. Ela pode ser instituída como único tratamento ou como terapia adjuvante em algumas situações. Doenças articulares, neurológicas e músculo-esqueléticas como a displasia coxofemoral, a DDVI – Doença do Disco Intervertebral (paralisia dos membros posteriores principalmente) e as neurites parecem liderar o ranking de indicações. Porém outras doenças como as alergias, as sequelas de cinomose, gastrites e algumas alterações comportamentais, também são frequentemente uma indicação para tratamento pela acupuntura.
Geralmente o tratamento tem duração mínima de um mês, o que corresponde a quatro ou cinco sessões de acupuntura, uma em cada semana, quando então o paciente é reavaliado, podendo receber alta ou nova prescrição de tratamento, conforme a evolução da doença.
Todos os pacientes apresentam resultados positivos após este tipo de tratamento, sendo que os pacientes obesos e os pacientes idosos tendem a levar um tempo maior para uma boa resposta ao tratamento.
Quando existe uma interação entre o médico veterinário, o paciente e seu dono, no intuito de encontrar a melhor maneira de abordar a doença e as opções de tratamento, tudo fica mais fácil e a utilização da acupuntura se torna um complemento para as demais terapias.
*Médica Veterinária, especialista em acupuntura
               F: (51) 8124-1810 e-mail: juzanimaia@yahoo.com.br


Nenhum comentário:

Postar um comentário