sábado, setembro 3

UM CÃO ESPECIAL PARA PESSOAS ESPECIAIS

                                                        HUSKY SIBERIANO


Alice também é apaixonada por vira-latas



O Husky Siberiano é um cachorro especial para pessoas especiais. A sentença “definitiva” é de Alice Mello, uma corretora de seguros que já foi, junto com o marido, Alfredo, a primeira criadora da raça em Porto Alegre. Nos anos 70 eles visitavam uma exposição no Kennel Clube e se apaixonaram por um filhote: Yuri da Gaivota, que carregava no nome o canil de procedência e um pedigree digno de um príncipe. Ele era nosso filho, conta Alice. O casal costumava dar um “pulo” no litoral só para Yuri correr na beira da praia. Os huskies adoram a liberdade! Afinal, são originários da Sibéria e correr por imensidões geladas está no DNA deles. Quando não tem gelo, serve areia mesmo...A partir de Yuri começou a criação:
- Meu marido buscou em São Paulo uma fêmea, a Maya. Eles tiveram três ninhadas, que faziam parte de nosso Canil do Askimai (em esquimó significa “comedor de carne crua”). O canil durou uns cinco anos. Nós escolhíamos muito os compradores e sofríamos quando ficávamos sabendo que o cachorro não estava sendo bem tratado.Nos decepcionamos muito. Nem todas as pessoas podem ter um Husky. Ele é muito independente, obedece se quer, não serve para guarda, não gosta de ficar sozinho. Mas é muito amoroso e, ao contrário do que muita gente pensa, se apega ao dono.
Quando o marido morreu, ainda restavam cinco huskies . Alice queria se mudar para um apartamento. Mas como deixar os bichos? Além deles ainda havia dois vira-latas: o Bingo e a Margarina. Ficou na ampla casa de cinco mil metros quadrados de Belém Velho, em Porto Alegre. Hoje, o espaço é dividido com 60 vira-latas e Juma, uma Husky fêmea:
- Eu sempre fui apaixonada por cachorro e não consigo ver um abandonado sem carregar para a minha casa. A própria Juma foi adotada ainda filhote, porque estava com uma família que não tinha condições de cuidar de um cão desta raça. Eu recolho os vira-latas e depois tento a adoção. Mas tenho o mesmo zelo com eles como o que tinha pelos huskies. Só entrego para quem vai dar amor e cuidados. Eu quero vê-los felizes!
Juma tem 2 anos e, apesar de ter uma imensidão para explorar, está sempre atenta ao barulho do motor do carro . “Ela adora passear de carro”, conta Alice:
-Ela é muito carinhosa, está sempre me rondando. Mas ao mesmo tempo, fica na dela. É preciso compreender o temperamento dos huskies.



Bom companheiro para longas caminhadas e outras aventuras

O JORNAL VOCÊ ESEU PET conversou com o diretor de adestramento do Kennel Clube do RS, Stéfano Squerline, que tem formação na Europa e é treinador de cães desde 1991. Junto com Cristiane Genehr, é proprietário da escola BOM PRA CACHORRO.

Jornal Você e Seu Pet: O Husky Siberiano precisa de adestramento especializado ou podemos "educá-lo" em casa?
Stéfano: a) Em algum momento do passado os seres evoluíram de acordo com suas necessidades. Nós inclusive começamos a pensar, e com isso colocamos nossos instintos bem guardados num baú, no canto do porão. O cão não pensa da maneira que aceitamos portanto ,mantém seus instintos "à flor da pele".
b) Essas características de comportamento e temperamento são passadas pelos pais aos filhotes, além da situação de imitação, que muito ocorre na fase do imprinting,(quando o cão toma noção de sua existência e começa a vivenciar experiências diversas) sendo um cão que herdou boas características, poderemos concluir que diminuímos assim a chance de erro na escolha do filhote, ou seja, filhotes de bons pais, na grande maioria dos casos, tendem a ser bons mascotes.
c) Mas depende também do nível de comprometimento entre o dono e o cão, se é uma dupla que interage buscando a qualidade nos momentos em que estão juntos, dificilmente seria necessário um adestramento especializado.
Devemos lembrar que originariamente esses cães eram rapidamente colocados pra trabalhar, em grupo, em matilha, sem que com isso fosse contratado alguém "especializado".

Jornal Você e Seu Pet: Quais as principais dicas para esse aprendizado?
Stéfano: Atenção e objetividade. Mas acima de tudo o dono deve procurar dicas e acompanhar outros proprietários da mesma raça, trocar experiências, montar grupos de treino, etc.

Jornal você e Seu Pet: Sendo um cachorro que precisa de espaço e exercícios, ele se adapta a apartamentos?
Stéfano: Coisas simples e elementares formam uma rotina que certamente facilita o convívio. Passear diariamente em horários rigidamente específicos com o cão é a solução pra quase tudo. Quanto ao Husky se adaptar ao apartamento é muito simples, o complicado é as pessoas se adaptarem a ele lá dento. É bom lembrar que o filhote vai crescer bastante, vai sacudir a cauda (derrubando coisas...),precisa de uma área razoável para sua circulação
e um nicho só seu (caminha, etc), é muito importante ele ter sua "toca". Sendo um cão possuidor de pelo e sub-pelo, a cada troca de estação haverá uma troca destes... pra amenizar, nada como rasqueá-lo cada vez que for passear, isso ajuda bastante na consolidação da amizade.


Jornal Você e Seu Pet: Dizem que o Husky não se apega ao tutor. Isso é mito?
Stéfano: É verdade que ele tem o instinto de matilha bem forte, mas ele se sentindo parte da "matilha/família" não tem lógica não se apegar a estes, detalhe: escalonar a posição hirárquica de todos, se ninguém ocupar o espaço do líder, o Husky o fará. Todos que perdem (fugiu), que não controlam ou têm acidentes colocam a culpa no cão, ele não sabe falar mesmo!

Jornal Você e Seu Pet: O Husky sofre nos meses de calor?
Stéfano: Se estiver condicionado fisicamente razoável não. No verão a pelagem não é tão densa e apesar da quantidade de pelos que ainda ficam, seu organismo supera o desconforto. Ele nasceu assim, pra ser dessa maneira, não foi alguém que chegou e colocou um oupão nele, naquele instante de calor. Agora, obviamente não vamos levar isso a situações extremas. A termorregulação do cão se dá pela respiração... tem que haver água fresca o tempo todo, independente da raça.

Jornal Você e Seu Pet: Quem estiver interessado, o que pode esperar dessa raça de cão?
Stéfano: Companheiro pra longas caminhadas, pra velejar, pro camping, pra ir buscar brinquedos, pra dormir de frente pra porta de entrada! Mas a família tem que se envolver na educação. Se formar a "matilha," tudo vai dar certo.

ORIGEM MILENAR
Raça assegurou sobrevivência de comunidade indígena


O Husky é originário da Sibéria, mais exatamente da zona que se estende entre o rio Kolyma e o estreito de Bering. Importado pela primeira vez ao Alaska em 1909 para ser utilizado nas carreiras de trenós, o husky se impôs por sua grande habilidade e extraordinária resistência. Mas a história do aparecimento Husky Siberiano é interessante porque ilustra parcialmente como a relação (de utilidade) estabelecida entre o homem e o cão pode ser baseada no respeito pela raça. Há mais de 2500 anos  o nordeste asiático era povoado por uma comunidade indígena denominada Chukchi. Exposta a um dos climas mais inóspitos do mundo, a sobrevivência era assegurada com a ajuda de grupos de Huskies que puxavam os trenós do seu dono percorrendo longas distâncias, levando-os aos locais onde pudessem pescar. Por serem de pequeno porte e relativamente leves, tornaram-se rápidos e gastavam muito pouca energia. Esta característica foi muito importante, já que o pequeno consumo de energia permitia-lhes superar as temperaturas extremamente baixas do Inverno siberiano que atinge facilmente os 60 graus negativos!
A pureza da raça parece ter sido mantida pelos Chukchi durante todo o século XIV e são estes os verdadeiros ancestrais do atualmente conhecido Husky Siberiano.
Foi com a corrida ao ouro no Alasca, que as suas capacidades foram reconhecidas. A introdução da raça nos EUA deve-se a Leonard Seppala que consegue , em 1930, que a raça seja reconhecida pelo Kennel Club americano. Oito anos depois, é fundado o primeiro clube da estirpe em território americano.
Durante a II Guerra Mundial, a raça destaca-se pelo trabalho desempenhado na busca e resgate.

Fonte: Arca de Noé




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