quarta-feira, outubro 5

GATEIROS E CACHORREIROS: EITA RAÇA!

Ilustração da coluna de Dener Giovanini
Este texto foi publicado no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, na coluna do ambientalista Dener Giovanini,e provocou um alvoroço na turma dos protetores dos animais.Um feliz alvoroço,diga-se.Todos um dia ainda conhecerão a verdadeira força dessa "raça"! Aguardem!  

Normalmente não comento sobre as manifestações dos leitores. As razões são várias. Vão desde a impossibilidade de responder pessoalmente a todas as mensagens – que são muitas – até a precaução no sentido de manter um espaço absolutamente democrático para que cada um se manifeste livremente, sem correr o risco de ter sua opinião censurada ou questionada.

Porém, dessa vez decidi tecer mais alguns comentários a respeito da nota sobre a Consulta Pública da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, que irá publicar uma Lista Oficial de Espécies Invasoras.

O que me motiva a escrever agora foi a enorme repercussão que a nota alcançou. Foram quase 6 mil recomendações no Facebook, mais de 150 comentários de leitores e quase 200 réplicas no Twitter.

Poucas vezes vi na internet um número tão grande de pessoas se manifestando a respeito de uma notícia. No caso da nota sobre as espécies invasoras, tamanho alcance deve-se principalmente ao enorme poder de mobilização que os protetores de animais domésticos possuem. Eles são conhecidos popularmente como gateiros e cachorreiros. São pessoas que dedicam grande parte do seu tempo a causa da proteção dos animais domésticos.


Protetores de animais: amor de bicho não tem preço.

Essas pessoas são capazes de sacrifícios imensos para defender aquilo que elas acreditam. Não existe no mundo – e digo sem medo de errar – nenhum outro movimento em que seus membros se envolvam tanto com a causa que abraçam. Nenhum grupo político ou religioso possui integrantes dispostos a tanto sacrifício pessoal como é o caso dos gateiros e cachorreiros. Nenhum grupo social tem uma capacidade de mobilização tão forte quanto eles. É impressionante.

A sorte de quem maltrata animais é que esse imenso grupo de protetores ainda desconhece o poder que tem. Pois no dia que eles se organizarem e passarem a ter estratégias claras de atuação, o mundo político irá tremer.

Os protetores de animais podem arruinar uma carreira política. Podem condenar um produto ao fracasso e, até, causar enormes prejuízos à empresas que insistem em ignorá-los. Uma grande parte desse grupo de ativistas é formada por donas de casa. São mulheres que decidem o que comprar em seu lar e que, com o poder de mães, esposas e filhas, conseguem mudar a opinião – e o voto – da família.

Para a felicidade daqueles que ignoram os apelos desse grupo, o movimento ainda não é organizado. Não existem lideranças nacionais com capacidade de mobilizar e de conduzir uma ação uniforme em território nacional. No dia que isso acontecer, senadores da República e até candidatos a presidente do país terão que estender tapetes vermelhos para eles.

O mais impressionante nesse grupo, além do grande poder de mobilização, é outra característica muito singular: grana. Ou melhor, a falta dela. Em 25 anos de lida diária na causa ambiental, nunca vi um “movimento social” trabalhar sem ganhar. Pelo contrário. Penso que os protetores de animais é o único grupo que tira do próprio bolso o financiamento para as suas causas. Eles não são empregados em ONGs, não recebem bons salários, como a grande parte dos ambientalistas profissionais, não dispõe de financiamento público e muito menos recebem emendas de parlamentares. O dinheiro deles vem das “vaquinhas”, das “rifas” e dos trocados que conseguem juntar impondo-se algum sacrifício pessoal.

Não existem estatísticas que mostram quantos eles são. E muito menos existem dados oficiais sobre quem eles são.

Mas uma boa dica para identificar um potencial protetor é reparar em alguns dos seus hábitos mais comuns: possuem animais domésticos, provavelmente mais de um. Nas redes sociais, seus álbuns de fotos sempre possuem a foto de um gatinho, de um cachorrinho, ao lado das imagens de suas famílias. Nas ruas, seu animal de estimação está quase sempre no colo, ou, se for grande, sempre ostentará um pelo brilhoso ou uma coleira da moda. Para esse grupo, não existe diferença social entre os animais. Os de “raça” e os “vira-latas” são iguais, nem mais, nem menos.

A eles, os protetores e protetoras do Brasil, dedico minha inteira admiração e agradeço imensamente as lições de amor e respeito à vida, que muitas vezes nos faltam quando somos absorvidos pelos debates “técnicos” em nossa luta ambiental.

Obrigado.

 O Estado de São Paulo em 02/10/2011 

SAIBA MAIS
Dener Giovanini é ambientalista e documentarista cinematográfico. É membro do Conselho Global contra o Comércio Ilegal Mundial, mantido pelo G20 e ONU. Produz séries e documentários para cinema e TV.

Esta coluna originou toda a polêmica:

CÃES E GATOS SÃO ESPÉCIES INVASORAS E DEVEM MORRER?
Calma leitor. Vou explicar:

A situação é a seguinte, termina daqui a dois dias, precisamente dia 30 de setembro, uma consulta pública que está sendo realizada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Essa consulta pública visa definir quais serão as espécies de plantas e animais consideradas invasoras no estado do Rio de Janeiro.
Vou apresentar aqui alguns trechos extraídos da convocação da oficial da consulta pública, publicada no site do governo do Rio de Janeiro e tecer breves comentários.

A formulação de listas oficiais contendo as espécies exóticas e invasoras de cada ambiente ou fitofisionomia do Estado é o “pontapé inicial” para a formulação e implementação de políticas públicas voltadas para controlar, erradicar e monitorar a presença dessas espécies.

“Pontapé inicial”? Por acaso a expressão “pontapé” num texto oficial do governo do estado é uma forma indireta de informar algumas medidas que serão tomadas para conter essas espécies invasoras?
E o “erradicar”, seria o mesmo que eliminar? Creio que sim.

Frente ao exposto e à necessidade de se viabilizar políticas publicas que visem a controlar e erradicar essas espécies, sobretudo nas unidades de conservação estaduais, a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, através da Superintendência de Biodiversidade e Florestas e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), vem trabalhando em parceria com instituições de pesquisa de universidades públicas na construção de uma lista estadual das espécies exóticas e invasoras.

Mais uma vez aparece a expressão “erradicar” no texto oficial. E o mesmo dá uma dica de onde será o campo de batalha dessa guerra anunciada: sobretudo nas unidades de conservação estaduais.

O mais preocupante, caro leitor, é o seguinte fato: na lista prévia apresentada pelo governo do estado, e que foi elaborada por cientistas e pesquisadores, estão os CÃES E GATOS.

E ai a coisa vai complicar muito, pois uma vez considerada espécie invasora, pode-se eliminar facilmente mecanismos que visam a proteção daquela espécie. Ou seja, para quem tanto luta contra a vivissecção de animais em laboratórios será um imenso retrocesso. Sem contar que um gatinho dentro de um parque estadual será automaticamente considerado um alvo a ser eliminado.
Para quem desejar saber mais e, inclusive, fazer o download da futura “lista oficial de alienígenas” do Estado do Rio de Janeiro, basta acessar:
Francamente… e a gente pensa que já viu de tudo nessa vida!
VAMOS DIVULGAR E AJUDAR A ALERTAR E A MOBILIZAR! QUEM É CONTRA ESSE ABSURDO?
ESTÁ NAS MÃOS DE CADA UM AGORA…






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