É preciso bem mais do que a justificativa
da curiosidade e do deleite humano
para a manutenção de um zoológico
A discussão sobre o minizôo da Redenção não pode se fundamentar em justificativas passionais.
Há, antes de mais nada, questões econômicas, estruturais, educacionais, conservacionistas, éticas e morais, embasadas em argumentações técnicas, científicas e jurídicas, que passam distantes do mero deleite ou curiosidade sem propósito e sugerem o seu fechamento imediato:
Questão Econômica
É necessária uma reavaliação do uso dos recursos públicos empregados em uma atividade que perdeu sua razão de ser com o agravamento dos problemas ambientais que afligem nossa sociedade. A manutenção do minizôo subtrai recursos importantes dos cofres públicos que poderiam ser investidos em recursos/atividades ambientalmente corretos.
Questão Estrutural
Sua infraestrutura foi reprovada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, sem falar nas agressões perpetradas contra os animais e na altíssima insalubridade do local, reconhecidamente um dos pontos de maior poluição sonora e do ar da capital gaúcha.
Questão Educacional
O que se espera que as pessoas - em especial as crianças - aprendam visitando zôos? O que elas realmente aprendem?
“Dar às crianças a mensagem de que podemos dispor arbitrariamente do Outro, dos "diferentes", de sua liberdade e bem-estar, só pelo "direito da força" e objetivando nossa satisfação egoísta, é preparar gerações sem compaixão, sem respeito à vida e à diversidade, adultos que coisificam os demais”. (Mariléa de Castro, educadora).
Questão Conservacionista
A conservação da fauna exige bem mais do que apenas fazer nascer um indivíduo e deixá-lo “guardado” em cativeiro, sem que possa desenvolver seus hábitos sociais e naturais entre outros da mesma espécie, em um habitat natural, para reproduzir e fazer parte do nicho ecológico: manter um animal nas condições em que são mantidos nos zoológicos não tem sentido. Sem falar que os animais mantidos no referido zoológico não estão em listas de extinção.
A sociedade avança, cresce, discute e formula novos conceitos e normas morais através das quais regula sua conduta.
Os animais não são mais considerados simples objetos, eles passaram a integrar a comunidade moral, e como membros dessa comunidade, devem ter seus interesses atendidos e seus direitos respeitados.
* MariaLuiza, Presidente do Movimento Gaúcho de Defesa Animal
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