sexta-feira, abril 20


Estudo revela que ursos polares surgiram há 600 mil anos

Trabalho, publicado na versão online da “Science”, é a última tentativa de compreender as origens surpreendentemente obscuras de um dos animais mais conhecidos na Terra.
[ i ]Nova pesquisa aponta que ursos polares surgiram há 600 mil anos.
Londres - Os ursos polares — que até há pouco tempo pensava-se ser uma ramificação dos ursos pardos que desenvolveu pelagem branca, patas com membranas e outras adaptações ao longo dos últimos 150 mil anos para lidar com a vida no gelo do Mar Ártico — não são descendentes dos ursos marrons, segundo cientistas.
Em vez disso, de acordo com uma pesquisa que analisou amostras de DNA das duas espécies e de ursos negros, as linhagens das espécies parda e polar passaram a se dividir de seus ancestrais há cerca de 600 mil anos.
O trabalho, publicado na versão online da “Science”, é a última tentativa de compreender as origens surpreendentemente obscuras de um dos animais mais conhecidos na Terra, além de um potencial símbolo ambiental, uma vez que o derretimento de gelo no mar está ligado ao aquecimento do clima.
Por causa da mudança climática e das ameaças vindas da navegação, caça e poluição, o urso polar está listado como “vulnerável” — um nível abaixo da classificação “em perigo”, pela União Internacional pela Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
A publicação não é conclusiva sobre o quanto os ursos são sensíveis para o atual derretimento polar. Além disso, o conto evolutivo que o trabalho apresenta pode ser lido de formas distintas. As descobertas desafiam a ideia que os ursos se adaptaram rapidamente, mas confirmam que eles já o fizeram antes em outros períodos de aquecimento e derretimento de geleiras.
Mas a adaptação dos ursos pode ter sido um tanto precária, porque os autores encontram evidências de pontos de afunilamento evolutivo, provavelmente durante períodos mais quentes, quando apenas pequenas populações sobreviveram, com a ressalva de o aquecimento que então ocorria era muito mais lento do que o de agora.
Os pesquisadores, incluindo Axel Janke e Frank Hailer do Centro de Pesquisa de Biodiversidade e Clima em Frankfurt, na Alemanha, compararam amostras de DNA de 19 ursos polares, 18 pardos e sete ursos negros.
A descoberta, disse Hailer, foi que os ursos polares “são mais antigos e muito mais distintos geneticamente do que se pensava”. Outros estudos nos últimos anos, completa o pesquisador, sugeriam que a espécie foi uma ramificação muito recente dos ursos pardos, de cerca de 150 mil anos atrás.
Tal cálculo era baseado no DNA localizado fora do núcleo das células, conhecido como DNA mitocondrial, que é transmitido apenas entre fêmeas e, por isso, dava um retrato incompleto de sua evolução. Hailer e sua equipe analisou 14 amostras de DNA do núcleo das células, material herdado tanto do pai quanto da mãe.A pesquisadora Charlotte Lindqvist, da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, foi a chefe de um trabalho apresentado em 2010 numa revista científica americana que analisou o DNA mitocondrial e concluiu que a origem do urso polar foi há 150 mil anos, numa ramificação dos ursos pardos.
Ela respondeu por e-mail que o novo estudo de Frankfurt “demonstra que as duas espécies, sem dúvida, representam linhagens separadas”. Mas Charlotte questiona se a evidência foi suficiente para determinar o período de origem dos ursos polares. Para ela, são necessárias comparações do genoma completo das duas espécies para marcar a linha evolutiva dos ursos polares.
Para um animal tão famoso, o urso polar tem sido um quebra-cabeça científico em relação à sua origem. Parte da explicação é que eles viveram quase sempre sobre geleiras, e fósseis preservados sob o solo são raros.
Fonte: O Globo

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