*Por Pedro A. Ynterian
Chimpanzé: o virtual e o real
Há mais de
um ano um chimpanzé virtual, de nome César, surpreendeu o mundo quando falou
NÃO e comandou uma rebelião que libertou dezenas de grandes símios mantidos em
cativeiro num centro de experimentação e num zoológico nos Estados Unidos. Ele
foi o astro principal do filme O Planeta dos Macacos: A Origem, que
arrecadou, até o momento, perto de 500 milhões de dólares. Hoje, um irmão do
César, mas este real – Oscar, um bebê de menos de 3 anos – , inicia outra saga
para denunciar ao mundo, assim como o virtual o fez, a vida miserável que eles
levam numa floresta da Costa do Marfim, ocidente da África, invadida pela cobiça
humana.
Os Estúdios Disney desta vez não
foram à Hollywood procurar chimpanzés-atores – quase todos já aposentados e
atualmente morando em santuários –, e sim à floresta Taï, uma das últimas
fronteiras de chimpanzés em vida livre da África, para descobrir Oscar, nascido
em liberdade, num grupo de menos de uma dúzia de sua espécie, que luta
desesperadamente para sobrevier ante os inimigos que o assediam.
O filme Chimpanzé já
arrecadou 10 milhões de dólares na primeira semana de exibição Norte-Americana.
Nós assistimos e gostamos. Achamos que a Disney tocou na ferida aberta no
coração da África, onde centenas de chimpanzés desaparecem a uma velocidade
alarmante.
O filme realizado na Floresta Taï, da
Costa do Marfim, e em Uganda, é narrado magistralmente por Tim Allen e não tem
um ator humano, todos são chimpanzés de vida livre.
Freddie é
o macho alfa, que convive com várias fêmeas e bebês. Oscar, de menos de 3 anos,
ainda é amamentado por sua mãe.
Oscar vai ganhando experiência e conhecendo o mundo que o envolve, sabe dos
perigos, dos desafios, da falta de comida que os força a andar dezenas de
quilômetros, que antes estava aos seus pés. Em seu peregrinar por comida –
folhas, sementes, frutos – avançam em
território inimigo de outro bando de seus iguais.
Num daqueles confrontos, a mãe de
Oscar é morta. Ele não sabe o que aconteceu com ela, a procura desesperadamente
e não a encontra. O grupo volta para seu território e ele vai atrás. Já não tem
mais o peito da mãe e os braços fortes dela para resguardá-lo, tem que procurar
seu alimento, fazer seu ninho à noite no alto das árvores, sentir o frio da
madrugada e a chuva que invade seu corpo. Aprende a quebrar as nozes, a subir
nas árvores a procura de frutos e mel de abelhas. Aprende a comer cupins e
formigas, pescando-as de seus ninhos.
As outras fêmeas não o amparam. Ele
segue Freddie, o grande macho alfa, para todo lado. Freddie o percebe e estende
uma mão, depois faz “grooming” (limpeza de pele) nele e por fim o sobe em suas
costas, para traslados mais extensos.
Quanto pode durar a vida de Oscar e
seu grupo? Ninguém mais sabe, as ameaças são imensas. A floresta é devastada, a
comida escassa, mais distâncias e perigos devem ser enfrentados, para sobreviver.
Doenças, predadores, animais peçonhentos, caçadores na espreita, a floresta Taï
é totalmente vulnerável. O grupo de Oscar é talvez um dos últimos
remanescentes, das centenas que lá existiam 50 anos atrás.
O filme
termina com Oscar rumo à adolescência. Ele se tornará, talvez, um macho alfa.
Porém, seu destino tem hora marcada. A morte o cerca em cada canto. A Disney –
com temor e talvez vergonha – exibe uma mensagem final. Uma legenda explica : “em 1960 existia um milhão de chimpanzés na floresta africana,
hoje – 50 anos depois – só um quinto sobrou …”
O que fazer para terminar a
erradicação da espécie?
A Disney não ensaia uma solução… nós
– que tentamos também desesperadamente fazê-los sobreviver em santuários –
sabemos que SIM, EXISTE. Temos que manter a Luta, tirá-los dos que os torturam,
dos que os exibem criminosamente, dos que os traficam, dos que os matam para
servir de alimento… É uma Luta dura, árdua, difícil, incompreendida, mas eles
são nossos irmãos primitivos, devemos dar uma mão a eles e fazê-los viver, se
queremos que a raça humana também sobreviva ao seu próprio holocausto.
Filme:
CHIMPANZEE (ainda sem tradução)
Narrador: Tim Allen
Filmado em Uganda e Costa do Marfim
Diretores: Alastair Fothergill e Mark Linfield
Um filme dos Estudos Disney
Narrador: Tim Allen
Filmado em Uganda e Costa do Marfim
Diretores: Alastair Fothergill e Mark Linfield
Um filme dos Estudos Disney
*O Projeto
GAP recomenda, veja o trailer: http://www.trailers.com.pt/chimpanze
Notícia
relacionada:
http://www.projetogap.org.br/pt-BR/noticias/Show/3929,a-etica-do-filme-o-planeta-dos-macacos-a-origem
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