O seu animal de estimação tem esbarrado nas mesas, cadeiras e
demais objetos da sua casa, como se estivesse desorientado? Fique atento, pois
esse pode ser apenas um dos sinais da cegueira, que pode acometer tanto cães
como gatos.
Apesar de impor vários obstáculos, a cegueira é um problema de
visão com o qual o pet pode perfeitamente conviver, desde que sejam feitas as
devidas adaptações no ambiente doméstico. Conheça algumas dessas adaptações e
saiba que os donos podem contribuir para a prevenção com as dicas e orientações
da Dra. Maria Alice Fusco, médica-veterinária e especialista em Oftalmologia.
A cegueira é mais comum em gatos ou cães?
Ou ela atinge os animais da mesma forma?
A cegueira geralmente é o resultado final de uma doença ocular
ou mesmo sistêmica, com prevalência similar nos cães e gatos. Dentro de cada
espécie, algumas raças apresentam maior predisposição a determinadas doenças
potencialmente cegantes, como, por exemplo, em cães da raça poodle observamos
com bastante frequência a catarata.
Quais podem ser os primeiros sinais de
que o animal pode estar ficando cego?
Os sinais podem ser bastante variados. Animais que apresentam
cegueira abrupta podem parecer "tontos", esbarrando nos objetos e
móveis da casa. Se a cegueira ocorre lentamente, o animal pode ir se adaptando
ao ambiente em que vive à medida que ocorre a perda progressiva da visão,
"decorando" a posição dos móveis e a presença de quaisquer outros
obstáculos; assim os proprietários tardam em observar que há algo errado com a
visão dos seus animais de estimação. Outro sinal que pode ser observado é a
dor, que o animal manifesta ao deixar de comer, tentar passar a pata nos olhos,
ou ainda chorar ao esbarrar a face nos obstáculos. Algumas vezes o proprietário
pode observar alteração na cor e tamanho dos olhos e somente o médico
veterinário pode avaliar o significado destas alterações.
Os cães e gatos, quando ficam cegos,
conseguem se adaptar bem a essa limitação física?
De maneira geral os animais se adaptam bem, desde que a cegueira
não esteja acompanhada de dor. A audição e o olfato são os sentidos bastante
aguçados nos cães e gatos, sendo utilizados para compensar a perda da visão.
Existe alguma forma de prevenção da
cegueira dos animais, seja por meio da alimentação ou de outros hábitos?
Assim como uma alimentação saudável promove a saúde nos seres
humanos, o mesmo ocorre com os cães e gatos. Infelizmente, vemos na prática
clínica gatos sendo alimentados com ração para cães, o que é totalmente
prejudicial para a saúde dos felinos, visto que eles necessitam de um tipo
específico de aminoácido para a saúde dos olhos, em especial, da retina. Outra
prática comum é a adaptação da alimentação do animal de estimação à prática
vegetariana do dono do animal, o que acarreta desnutrição aos cães e gatos.
Além da alimentação, os proprietários, no intuito de ajudar seus animais de
estimação, acabam por prejudicá-los ao utilizar o mesmo colírio prescrito para
uma determinada doença humana no seu animal de estimação, ao menor sinal de
alteração nos olhos, como, por exemplo, excesso de remela ou olhos vermelhos.
Nesses casos, o ideal é levar o cão ou gato a um médico-veterinário
especialista em oftalmologia para que seja sanada qualquer dúvida quanto à
saúde dos olhos do animal de estimação.
Como os donos devem proceder, caso seja
diagnosticada a cegueira no pet?
Em primeiro lugar, o animal deve estar livre da dor que por
vezes ocorre concomitante à cegueira. Assim, o animal terá mais qualidade de
vida e passará a se alimentar e dormir melhor. Com relação ao ambiente em que o
animal normalmente vive, deve-se evitar mudar objetos e móveis do lugar e o
fornecimento de alimento e água deve ser feito sempre no mesmo local, pois, como
já observado, o animal pode "decorar" o ambiente em que vive. É
indicado aplicar cheiro (perfume, aromatizador de ambiente) diferente daquele
que a família normalmente usa, com objetivo de marcar os obstáculos e locais
que os animais devem evitar, como paredes, móveis e escadas. Assim, o animal
aprende que aquele cheiro diferente caracteriza uma área de perigo.
Devemos lembrar que ambientes externos muito grandes podem
tornar qualquer caminhada uma tarefa extremamente cansativa quando o animal
decide retornar à sua posição inicial. Ainda, piscinas devem ser cobertas para
que uma tragédia seja evitada com nosso animal de estimação tão querido.
*Maria Alice Fusco é médica-veterinária graduada pela
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mestre em Clínica e Cirurgia de
Animais de Pequenos Portes pela mesma instituição e doutora em Ciências,
modalidade Oftalmologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Atualmente, é pós-doutoranda em Oftalmologia Experimental no Laboratório de
Neurobiologia Comparativa e do Desenvolvimento do Instituto de Biofísica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fonte: Terra
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