A
importância de uma boa alimentação para os pets
Ração seca ou
úmida? Caseira ou industrializada? Quantas vezes devemos alimentar nosso pet?
*Nossa
parceira, jornalista, protetora de animais, grande estudiosa quando o assunto
são os pets e dona do perfil no Twitter @petsaudavel, Patrícia
Gnipper, explica tudo isso e mais um pouco nesse post. Aproveite essas dicas!
“Tenho
29 anos e sempre tive animais em casa. Cachorros desde que nasci, e gatos desde
uns 5 anos de idade. Minha mãe é antiga ativista da proteção animal, e nessa de
tirar animal em perigo das ruas, cuidar e tentar doar acabamos acumulando mais
de 50 gatos e 20 cachorros em casa, ao longo dos anos. Sem contar todos os
doados.
Sempre
fornecemos ração, até porque todos os veterinários com quem tivemos contato
sempre indicaram a ração como o alimento ideal, como ainda fazem muitos
veterinários aqui no Brasil… Em uma ocasião, no lançamento de uma ração
nova (que ainda está no mercado, por sinal), compramos uma
grande quantidade em promoção e depois de mais ou menos 1 mês,
11 dos 55 gatos estavam com problema urinário, simultaneamente. Foi
horrível ver tantos gatos miando ao mesmo tempo pra fazer xixi, sangrando e
sofrendo. Imagine ter que levar 11 gatos pra fazer exames e sonda? Foi
terrível. O veterinário disse que aquela ração causou os cálculos nos
gatos. Estava correto, mas ele podia ter ido além e dado uma
informação mais completa, dizendo que qualquer ração pode causar problemas
urinários…
Enfim,
trocamos a ração e não tivemos mais problemas naquele nível, apesar de, vez ou
outra, pegarmos algumas gatas com cistites e dificuldades para urinar. Como já
sabíamos quais remédios dar, tratávamos ao menor sinal. Ou seja, estávamos tratando os problemas, sem atacar a causa.
Se naquela época tivéssemos tido acesso às informações sobre rações úmidas e
alimentação natural, com certeza teríamos dado uma vida melhor aos gatos… Mas,
continuaram comendo ração, por conta da nossa ignorância,
alimentada pela ignorância dos veterinários a quem consultávamos.
Bom,
falei tudo isso pra contar um grave problema que tive com o fornecimento de
ração, mas não foi o único. Em ocasiões pontuais tive outros animais (principalmente
fêmeas) com problemas urinários, e todos os veterinários com quem tive contato
falavam “ah, é normal gato ter problema urinário“. Não, amigos, não é normal. Pesquisando um pouco uns
anos atrás, li (agora não me lembro a fonte) que na primeira metade do século
passado, antes do boom das
rações comerciais, quase não se tinham casos de animais, especialmente gatos,
com doenças do trato urinário. A classe veterinária mal sabia tratar. Os problemas foram surgindo após a popularização da dieta industrializada
e seca.
Se
perguntar a muitos veterinários (no Brasil) sobre qual a alimentação ideal, a
maioria vai responder ração. Me pergunto
se o problema está na estagnação profissional, na acomodação dos professores
das faculdades, no ego, que impede o profissional de continuar buscando
conhecimento e se reciclando, ou no bolso (afinal, muitas clínicas são
patrocinadas por fabricantes de ração, não é mesmo?). Questiono isso pois,
fazendo outra pesquisa em sites internacionais, descobri que na Europa e Estados Unidos a alimentação mais popular para cães e gatos é a dieta úmida.
Há veterinários, inclusive, que falam que mesmo a ração úmida mais “porcaria”
do mercado é melhor do que uma ração seca (fonte: www.catinfo.org).
Não
sei até que ponto isso se aplica ao que encontramos no mercado nacional, mas
achei um ponto de vista muito interessante e fui pesquisar o porquê. Para
entender melhor, tive que aprender um bocado de nutrição animal, necessidades
nutricionais de gatos e cachorros. Depois, fui ler nas embalagens de tudo
quanto é ração seca e úmida a composição de cada, das mais populares às mais
“premium” (nota mental: nós brasileiros não temos esse hábito de ler composição
dos alimentos nem para humanos, que dirá para os pets, não é mesmo?).
Acabei
descobrindo, para minha surpresa, que mesmo as rações mais Premium,
que levam pedaços de carne na composição (e não farinha e farelos, como as
demais), contem níveis elevados e desnecessários de carboidratos
em forma de farinhas de milho, trigo e soja, que servem pra dar
“liga” para a criação do grão e também para “fazer render”, aumentando o lucro
dos fabricantes. Isso sem falar na infinidade de produtos químicos como
conservantes, aromatizantes, palatabilizantes… Bom, o grande problema do
carboidrato é que os pets não têm essa necessidade nutricional. Eles precisam de carnes, gorduras, vitaminas, fibras...
Os carboidratos são acumulados e viram gordura corporal, especialmente em pets
criados dentro de casa, com pouca oportunidade de exercício físico. Os
problemas com o fornecimento de ração começam por aí, excesso
de gordura corporal causa obesidade e promove diabetes.
Outro
grande problema, o que vale tanto para a ração baratinha quanto para a mais
cara: o fato de ser seca. Os animais precisam de uma quantidade X de água na sua dieta,
e muitas vezes (especialmente gatos) não sentem sede o suficiente a ponto de
igerir a quantidade de líquido necessária para seu bem estar. E é essa
sub-desidratação que causa problemas urinários. Além disso, há os inúmeros
problemas causados pelos produtos químicos. Problemas comuns associados à
ração seca: obesidade, diabetes, doenças urinárias, problemas digestivos,
cânceres, problemas hepáticos, reações alérgicas(fonte: www.catinfo.org).
Aí,
observando a composição das rações úmidas, a gente observa que são feitos
basicamente de água, pedaços de carne e vísceras. Essa composição é muito mais
adequada às necessidades nutricionais do que das rações secas, já que
elimina-se o problema do excesso de carboidratos e conservantes. As rações
úmidas têm sim conservantes, mas em menor quantidade. Não é à toa que a ração seca, se deixar exposto ao tempo um dia
inteiro, não irá estragar e nem ao menos murchar, e a ração
úmida começa a estragar após 1 hora de exposição. Outro sinal de que, a ração
úmida, é mais saudável do que a seca.
Bom,
falei tudo isso sobre dieta industrializada pois penso bastante em quem sai de
casa cedo pra trabalhar e chega tarde, ou muitas vezes nem tem horário fixo
para sair do trabalho (o que é uma realidade comum em São Paulo). O ritmo de
vida caótico que levamos faz com que a gente tenha cada vez menos tempo para se
dedicar aos nossos bichos e, por causa disso, acabamos preferindo tudo o que é
mais prático, e, infelizmente, a alimentacão natural, caseira, exige que o dono
do animal tenha um tempinho extra para gastar nos horários das refeições. Então
eu sempre indico para meus amigos que me procuram para pedir conselhos sobre
cuidados com os bichos, fornecer a ração úmida de manhã
e de noite e, em alguns casos, deixar
uma pequena porção de ração seca à vontade para caso o gato sinta fome durante
a tarde ter o que beliscar.
A
gente tem a ideia equivocada de que, para gatos, é legal deixar ração à
vontade, pois eles comem um pouquinho durante todo o dia, e, para cães, dar um
montão de comida nos horários das nossas refeições. Mais um conhecimento
popular que prejudica a saúde dos pets. Consultando uma nutricionista
veterinária, ela me explicou que, tanto gatos quanto cachorros,
devem comer 2 a 3 refeições diárias. Para gatos mais exigentes,
pode-se dividir a quantidade diária em 4 refeições. (fonte: www.cachorroverde.com.br).
Aqui
em casa eu, quando dava ração seca, deixava a ração à vontade. Depois aprendi
que, além disso proporcionar a obesidade (pois
o pet tende a comer mais), possibilita aproliferação de fungos no
alimento, exposto ao tempo e umidade. A partir do momento que
decidir migrar para a ração úmida, forneço de 3 a 4 refeições diárias (exemplo:
no inverno, quando eles tendem a comer mais, forneço 4 porções, e no verão
apenas 3).
No
início misturava a ração úmida com a seca, para facilitar a adaptação, mas hoje
forneço apenas a úmida. Comecei a incluir pedaços de carne no patê, para que
eles se acostumem com a carne fresca, crua, pois estou fazendo o processo de
migração para a alimentação natual. Sou privilegiada nesse ponto, trabalho em
casa e tenho tempo de sobra para preparar a AN. Espero em breve conseguir migrar
100%. Dos meus gatos, apenas uma não aceita o patê e rejeita a carne, todos os
outros ficam malucos quando coloco pedacinhos de fígado ou sardinha na vasilha.
Sobre alternar entre comida caseira e ração, não acho uma
boa, por conta da composição dos alimentos. A dieta
caseira é pensada para ser 100% balanceada, e fornecendo uma porção a menos
dela, substituindo pela ração, certamente irá desbalancear a dieta e pode
causar problemas. No caso de alternar entre a ração seca e úmida (como
aconselhei pra quem trabalha fora e passa muitas horas fora de casa), há
controvérsias. Alguns profissionais alegam não ter problemas, e outros
aconselham a não misturar. Eu acredito (aí é achismo meu), que é melhor fornecer 2 porções de patê e 1 de ração do que 3 de
ração…
Já
quanto a decidir se fornece 2, 3 ou 4 refeições diárias, realmente, cada lugar
que lemos fala uma coisa diferente. Até mesmo as pesquisas internacionais que
fiz (que, sinceramente, acho mais confiáveis), são confusas. Entendi que tudo
depende do seu estilo de vida, hábitos e também do seu pet. Só é preciso ter o
discernimento para entender que fome e apetite são coisas diferentes. Muitos
pets (especialmente cachorros) têm muito apetite, pedem comida
o tempo todo, mas não significa que tenham fome o tempo todo.
Cachorros
tendem a ser glutões, e a gente acaba ficando com dó de não dar um petisco
quando eles pedem, e por isso vemos tantos cães obesos por aí. É preciso
calcular a necessidade diária de cada animal e dividir essa quantia total
durante o dia. Acredito que, para os mais gulosos, seja interessante fornecer
mais refeições com porções menores, por exemplo. Mas, para isso, acredito que
seja melhor sempre procurar um veterinário esclarecido, preferencialmente um
nutricionista, para que ele leve em consideração porte, raça e outros fatores
que influenciem na quantidade diária de alimento.
E
lembrando que a oferta de água sim, deve acontecer durante
todo o dia, à vontade, para o pet beber o quanto e quando quiser.
Nos dias quentes é legal deixar vasilhas espalhadas pela casa, facilitando o
acesso do pet. E é importante trocar a água e lavar a vasilha
pelo menos 1x ao dia.
Concluindo,
após estudar e pesquisar em muitas fontes nacionais e internacionais, teses de
mestrados de universidades europeias e americanas, estudos científicos e etc,
entendo que, sem sombra de dúvida, a melhor alimentação para gatos
e cachorros é a natural, balanceada, que pode ser servida crua ou cozida. Em segundo lugar,
as rações úmidas. E,por último, as secas.
Acredito
ser ideal o fornecimento de 3 refeições diárias,
podendo variar de animal para animal.
Outra
conclusão, triste, é a realidade da veterinária no Brasil, onde a classe ainda
é muito “bitolada” em conhecimentos ultrapassados e conservadores no que diz
respeito a alimentação de cães e gatos. Uma coisa que sempre aconselho no meu
Twitter @petsaudavelé: pesquisar bastante sobre cuidados
com seus pets, ter uma boa relação com o veterinário, ter liberdade de questionar e, caso o veterinário
não dê essa liberdade ou bata de frente com conhecimentos sólidos que você
adquiriu em suas pesquisas, procure outro profissional.
A
vet Sylvia Angelico, do Cachorro Verde, é especializada em nutrição
animal e pró alimentação natural, e tem uma relação de clínicas favoráveis à AN
e com a mente mais aberta, pois, infelizmente, muitos veterinários, ao saber da
nossa escolha alternativa de alimentação, atribuem qualquer problema que seu
pet possa ter a essa escolha, mesmo que uma coisa não tenha nada a ver com a
outra”.
Algumas
fontes de leitura que ajudaram bastante a Patrícia a entender o assunto, e
outras que explicam muito bem de forma completa e resumida:
http://www.catinfo.org/ (em inglês)
http://www.catnutrition.org/ (em inglês)
http://healthypets.mercola.com/ (em inglês)
Posts
relacionados
*Fonte: www.animalmundi.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário