ATÉ TU, THOMAS?

HISTÓRIA DE CRUELDADE

Topsy, a elefanta eletrocutada por Thomas Edison

A elefanta Topsy. Foto: RoadsideAmerica

 Por Patricia Tai

 Em pesquisa recente, nota-se que casos de elefantes eletrocutados são comuns e recorrentes. Já foi publicada matéria na ANDA, em 2010, relatando alguns casos ocorridos mesmo na Índia, e pesquisas na Internet trazem rapidamente uma série de outros exemplos.

Também a ANDA publicou a notícia de que elefantes foram eletrocutados em filmagens de “Água para elefantes”. Aos animais sempre sobra o lado doloroso e sombrio da história.

Mas o exemplo mais gritante disso e que as notícias acima fazem lembrar é o de Topsy, a elefanta eletrocutada por Thomas Edison em 1903.

Topsy foi, provavelmente, um dos elefantes que tiveram a história de vida mais penosa levada a público. Toda a sua vida fora de escravidão e maus tratos, e recebeu ainda jovem uma espécie de pena de morte, uma morte trágica, emblemática, movida pela vaidade de cientistas e assistida por milhares de pessoas.

Durante 28 anos, ela fora explorada como uma das atrações do circo americano Coney Islands Luna Park. No entanto, respondendo a uma vida sofrendo humilhações, imposições e espancamentos, Topsy começou a ficar agressiva e matou três treinadores em menos de três anos, sendo que um deles era alcoólatra e conta a história que ele lhe dava cigarros acesos para comer, ou tentava fazê-la fumar.

Após as mortes, os proprietários do Luna Park quiseram se desfazer da elefanta, e passaram a tentar matá-la com cenouras envenenadas com cianureto, sem sucesso. Então, decidiram que iriam enforcá-la publicamente e fazer disso um grande evento, no qual cobrariam a entrada. O anúncio provocou protestos de alguns defensores de animais, e então buscaram outra solução. Foi quando o então prestigiado Thomas Edison propôs que utilizassem um sistema que ele estava desenvolvendo desde 1890.

Na época, a companhia de Edison testava a corrente contínua e disputava o controle do sistema elétrico estadunidense com a companhia Westinghouse. Edison declarou que o sistema de corrente alternada do adversário era uma ameaça para lares, e que faria um experimento para ajudar a demonstrar a afirmação. Conta a história que ele já havia passado dez anos eletrocutando cães e gatos em seus laboratórios para testar os perigos da corrente alternada, e então decidira testar em um elefante – em Topsy. Os protetores de animais não protestaram pois, com a mentalidade da época um tanto limitada com relação à visão de mundo dos defensores de hoje, consideraram que era uma forma indolor e menos cruel de matar Topsy.

Edison enviou seus técnicos, que colocaram Topsy sobre uma plataforma metálica e dispuseram em torno dela todo tipo de eletrodos, da cabeça aos pés. Edison fritou Topsy. A eletrocussão foi vista por mais de 1500 pessoas em Coney Island. Topsy desabou em segundos. Edison registrou algumas imagens em uma câmera e passou a exibi-las por todo o país, com orgulho.

Com o tempo, tanto Edison quanto a Westinghouse prosperaram com as aplicações distintas das correntes alternada e contínua. Algum tempo após a morte de Topsy, o Luna Park foi destruído por um incêndio.

Se Topsy foi vítima de um experimento científico de extremo mau gosto, hoje os animais que têm morrido eletrocutados na Índia são vítimas da negligência humana, da ganância que invade o seu habitat, da entrada do animal humano nas florestas impondo a sua “civilização”, com a sua energia elétrica e seus trens, quando não da maldade pura, da caça pelo marfim e de outras atrocidades.

Fonte: ANDA