segunda-feira, abril 8

CRIANÇAS E ANIMAIS


 Dicas de como ensinar Direitos Animais para crianças



1- Saiba a importância da Educação e estude! - Paulo Freire dizia que somos seres culturalmente construídos e inacabados. Então, precisamos desconstruir em nós velhos paradigmas opressores e seguir nessa jornada de contínuo aprendizado.  A educação é  agente de transformação.  Ela transmite valores e muda comportamentos, visando um indivíduo crítico e criativo. É pensando nisso que acreditamos que mudanças são possíveis por meio da Educação, justificando nosso trabalho. E toda essa prática deve ser envolvida de responsabilidade, fundamento e planejamento. É preciso pensar globalmente e agir localmente, senão acabamos em uma superficialidade que em nada transforma a condição atual, reproduzindo idéias errôneas de conceitos antigos. Participe de Fóruns e leia de filósofos do direito animal até escritores de livros infantis.
Clique aqui para obter uma lista dos livros que o Ula recomenda. Livros infantis aqui.
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2- Faça um diagnóstico e elabore atividades específicas e contextualizadas! - É preciso analisar o grupo que irá trabalhar, conhecê-lo para respeitar suas especificidades e contextualizar as atividades e abordagens a realidade deles. Leve em consideração os problemas da localidade, a idade do grupo, os recursos do lugar, a quantidade de crianças, etc. Ter tudo isso numa lista bem organizada, irá auxiliá-lo no planejamento das atividades.
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3- Proponha desafios, descobertas e questionamentos. - Não subestime as crianças! Elas são inteligentes, investigativas e questionadoras!  Com desafios, elas acharão tudo mais interessante, irão se motivar, se tornarão mais participativas, além de empreender melhor a mensagem. Criança adora deslocar o outro, coisa que o educador deveria fazer sempre. Deslocar significa fazer com que o outro encontre seus argumentos e reconstrua o lugar que estava, criando uma nova forma de ver o mesmo que via antes. Criança desloca e, com isso, muda e cresce! De acordo com a Teoria de construção do conhecimento de Piaget, isso seria o desequilíbrio, com posterior assimilação ou acomodação, e assim  a criação de esquemas e volta do equlíbrio. Jogue fora na lixeira a forma bancária e reprodutora que aprendemos as coisas, formando uma sociedade passiva, alienada e defensora do opressor. Problematize para que pratiquem e aprendem a ler o mundo. Para isso, utilize por exemplo, a exposição oral dialógica, fazendo perguntas às crianças para que elas construam seu saber.
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4- Crie com didática e ludicidade. - A ludicidade é fundamental para a criança se interessar e se envolver. A didática é importante para que haja um processo de ensino aprendizagem. Lembre-se que é essencial haver uma progressão pedagógica, ou seja, não tente pular etapas, mesmo trabalhando de forma holística. Que tal utilizar histórias com fantoches?
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5- Utilize jogos cooperativos. - A cultura de movimento reproduz e mantém a dinâmica opressora, da qual advém as explorações e violência, por meio dos jogos competitivos, amplamente praticados na escola, nas ruas e na TV.  O jogo tem papel fundamental na construção de valores do indivíduo, que vivência no jogo as situações que recriará em ao logo da vida. Esses valores podem ser os da competição ou da cooperação, de acordo com os tipos de jogos vivenciados. Sendo assim, a utilização de jogos adequados é um importante recurso para a mudança social. Os jogos cooperativos estimulam valores de coletividade, empatia, integração, amor, colaboração, união, mobilização, dentre outros. Valores necessários para desconstruir ativamente o pensamento dominador contra animais não-humanos e outras minorias oprimidas.
Veja aqui mais informações sobre Jogos Cooperativos!
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6- Utilize recursos multimídia e oficinas para usar os sentidos! - Pequenos vídeos de no máximo 15 minutos são ótimos, já que é o tempo máximo que a criança consegue manter a atenção. Após isso, o tipo de atividade e ritmo deve ser mudado. O vídeo "Fulaninho, o cão que ninguém queria" , produzido pelo Instituto Nina Rosa é uma boa pedida. Os vídeos são um ótimo recurso pois utilizam imagens e sons, melhorando a assimilação de conhecimento! Para aprender por meio do fazer, vivenciando, realize oficinas de brinquedos reciclados, de lanche vegano, de pintura, etc. Organizar o que aprendeu em forma de desenho, é uma atividade interessante para a criança, e gera subsídios para entendermos o que elas pensam. Veja aqui a lista de videos infantis indicados no Canal do Ula no youtube.
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7-  Fazer o bem sem olhar a quem. - Seja honesto com as crianças e com os animais. Mostre-os como realmente são, sem colocá-los como meios para nossos fins em que devem ser protegidos por terem alguma importância para nós. Animais são indivíduos e não recursos. Mostre que a vida deles tem importância para eles próprios, e que eles são sujeitos que possuem interesses que devem ser protegidos e respeitados. A criança irá apreender que devemos respeitar o outro, independente do que ele pode prover para nós. Fazer o bem sem esperar algo em troca. Reforce que nós também somos animais, e que eles sentem tanto quanto nós. Para tal, faça a criança se colocar no lugar dos animais, imaginando o que faria ou sentiria no lugar deles em diversas situações diferentes. Que tal cada um escolher um animal e fazer uma pintura facial dele ou máscaras coloridas de papel para entrar de vez na brincadeira?
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8- Cuidado com a semântica. O uso das palavras é muito importante. - É com elas que nos expressamos e passamos idéias. As palavras retratam nossa forma de pensar, que define nossa forma de agir. Se queremos mudar algo, mudar a própria forma de falar e transmitir idéias que influenciam no imaginário das pessoas, é um começo essencial. A linguagem é cultural e nela carregamos a submissão imposta aos animais. As crianças estão adquirindo e moldando o vocabulário e forma de pensar por meio das interações conosco. Troque dono, que denota a apropriação de um produto, por tutor, que passa a ideia de ser o responsável por alguém. Preservar, que denota algo autômato esperando ser usado, por proteger, que passa a mensagem de preocupação a integridade do outro.
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9- Quer promover mudanças, então seja criativo e reinvente! - Já vimos aqui que o jogo não é brincadeira! Ele constrói valores e visão de mundo! Que tal analisar certos jogos antigos, que passam uma ideia opressora dos animais, e reinventá-los? Um exemplo é o Pesca-Lixo (veja ele aqui) do Ulinha, que ficou ainda mais divertido e desafiador que a antiga Pescaria! Nele, ao invés das crianças retirarem os peixes do mar, elas retiram o lixo, limpando o habitat natural, e ainda os destinam para as lixeiras de reciclagem correta de acordo com o material.
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10- Os fins não justificam os meios. - Realizar passeios ao zoológico ou confinar animais em áreas da escola, como fazendinha, para que as crianças possam conhecê-los de perto, ter contato com eles ou manuseá-los, não necessariamente irá lhes desenvolver o respeito a esses seres. O mais provável é que ocorra o contrário, já que ali se entende que animais são apenas recursos passivos para nossos fins, sem vida própria que não ficar confinado esperando nossa visita e manuseio como desejarmos, se apropriando de seu corpo e vida. Há lindos filmes mostrando animais vivendo naturalmente em seu habitat, como o recente Chimpanzé e da Disney Nature. Veja aqui uma lista com indicação de filmes infantis.
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11- Tenha um ótimo material em mãos. - O Projeto Ulinha conta com uma cartilha inédita e exclusiva, elaborada com didática e ludicidade, contendo passatempos, curiosidades e desenhos para pintar, onde a criança irá desenvolver brincando o respeito aos animais, os vendo como sujeitos que possuem interesses que devem ser protegidos. Entre em contato conosco e adquira esse material que promove transformações para utilizar em sua ação com as crianças! A cartilha Ulinha é um material ideal para ser utilizado tanto junto em atividade, ou dado ao final dela, como uma lembrança para que a criança apreenda melhor em casa sobre diversos temas de Direitos Animais, se divertindo e multiplicando com a família e amigos. Visualização online gratuita da Cartilha Ulinha aqui.

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EXTRA: Para pais e responsáveis. 
1- No processo de educação, os pais devem ter a preocupação de ensinar a criança a ver o animal como um amigo, que precisa ser protegido dentro e fora de casa, e não como brinquedo.
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2- Até os quatro anos a criança vê o animal como um objeto, por isso é preciso que os pais mostrem a ela que os animais respiram, tem fome, sede, sentem dor, amam e jamais poderão ser abandonados. A partir dos dez anos é possível confiar os cuidados necessários à saúde do animal, sem que haja perigo de maus tratos, desde que sejam orientados corretamente.
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3-  "Crueldade infantil com os animais entre criminosos e não-criminosos" é o título de uma importante pesquisa realizada nos EUA, que visou estabelecer a relação entre a crueldade para com os animais durante a infância e o comportamento agressivo para com as pessoas, numa fase posterior da vida. A análise aprofundada, permitindo traçar um perfil, foi possível através de entrevistas individuais com três grupos de homens: criminosos agressivos, criminosos não agressivos e não-criminosos. Verificou-se que 25% dos criminosos agressivos informaram de cinco ou mais casos de crueldade contra animais em comparação a menos de 6% dos criminosos não agressivos e nenhum dentre os não-criminosos.
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4- Analise criteriosamente os livros e brinquedos, selecionando os que não reafirmam explorações. Veja aqui lista de livros infantis selecionados pelo Projeto Ulinha.
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5- Não há um jeito específico para ensinar o que é respeito. O primeiro passo é respeitar também, permitir que a criança aprenda assistindo a seu exemplo. Por fim, é importante chamar a atenção da criança ao vê-la desrespeitando outras pessoas, os animais e também o meio ambiente.



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