MEDO
EM CÃES
*Por
Joice Peruzzi
O
medo é um comportamento normal em todas as espécies animais, baseado em respostas e
reações que têm por objetivo proteger o indivíduo de perigos imediatos ou de estímulos
nocivos. No entanto, alguns animais mostram uma resposta exacerbada de medo,
uma fobia a determinados estímulos.
Determinantes
O
comportamento do medo varia entre os indivíduos, depende da genética do animal,
de suas experiências precoces, do seu desmame, da sua socialização, da sua
sensibilidade e do aprendizado.
Cães
bem socializados quando filhotes são menos reativos a estímulos novos e tendem a
apresentar respostas de medo menos intensas. No entanto, entre a 4ª e a 8ª
semanas de vida, devem ser evitados estímulos amedrontadores, pois nessa fase o
filhote está bastante propenso a desenvolver traumas, é a fase mais sensível da
vida do cão.
Alguns
cães são naturalmente mais sensíveis que outros, e isso já pode ser visualizado
na ninhada, através de alguns testes, como bater o pé no chão, introduzir um
brinquedo novo, etc. O cão mais sensível será o primeiro a fugir quando você
bater o pé e o último a investigar o brinquedo novo. Esses cães precisam de
donos especiais, preparados para lidar com o medo do animal e aptos a
socializá-lo corretamente.
O
aprendizado é o que permite ao cão prever o estímulo que causa medo. Isso é o que
explica a mudança de comportamento quando há sinais de uma tempestade se aproximando,
quando o cão tem medo de trovões. Do mesmo modo, cães com medo de fogos de
artifício podem apresentar a reação com buzinaços ou com o locutor gritando “Gol”
na televisão.
Tipos
de medo
A
maioria dos casos de medo relatados envolve estímulos sonoros, especialmente
fogos de artifício e trovões. Alguns animais apresentam medo de pessoas
estranhas em geral ou de determinados tipos de pessoa. Também há medo de
determinadas superfícies, de lugares, de outros animais, etc.
Resposta
de medo
Um
cão com medo tende a fugir, paralisar ou atacar. Normalmente, cães tentam fugir
do estímulo que causa medo, se escondendo ou procurando o colo do dono. A
reação de paralisação é bem rara e o ataque por medo geralmente ocorre quando o
cão tem medo de outros animais ou de pessoas. O medo é o principal motivo de
agressividade em cães e técnicas que lidam com a agressividade com agressão
exacerbam o quadro.
Na
tentativa de fuga, muitos cães podem se machucar, ao cavar portas ou mesmo
tentar se jogar em janelas. Além disso, muitos cães vomitam, urinam ou defecam
e salivam em grande quantidade. Isso é indicativo de fobia, pois há envolvimento
de sistema nervoso autônomo.
O
que fazer?
Se
seu cão estiver com um comportamento de medo, tente manter a calma e jamais puna
esse comportamento. Crie um ambiente seguro, no local favorito do cão, e fique ao
lado dele, se isso trouxer segurança. Você pode tapá-lo ou ficar com ele no
colo, mas sempre passando a impressão de calma e tranquilidade. O uso de
medicações pode ser uma opção em quadros de fobia, mas sempre dentro de um
plano de tratamento e com supervisão veterinária. Não force seu animal a
enfrentar o estímulo, isso pode agravar o medo dele.
Caso
seu cão demonstre reações agressivas de medo e você não conseguir controlá-lo,
procure ajuda de um profissional. Se as respostas do seu cão forem muito
intensas, sugerindo um quadro de fobia, também procure ajuda.
Nos
casos de medo, a intervenção é feita com o objetivo de habituar o cão ao
estímulo que causa medo. Por exemplo, se o cão tem medo de pessoas, ele é
estimulado, com petiscos e carinhos, a se aproximar das pessoas gradativamente.
Se o medo for de fogos de artifício ou de tempestades, utiliza-se uma gravação
desses eventos para habituar o cão, controlando-se o volume do som. Às vezes é
necessário usar medicamentos ou terapias adjuvantes para reduzir o medo do cão,
facilitando a execução das técnicas empregadas, por isso, um veterinário que
trabalhe com comportamento é a melhor opção de ajuda que você pode ter.
*Médica Veterinária Homeopata CRMV-RS 10379
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