PRESOS EM ZOOLÓGICO
*Por Monika Schorr
Um fotógrafo amador da vida selvagem reuniu em uma
extraordinária coleção de fotografias, as semelhanças entre humanos e primatas,
mas sob o ponto de vista cruel e desumano do cativeiro.
Nascido na Alemanha, Joshua Arlington deu
início ao projeto com o intuito de pesquisar o antropomorfismo, que é a
tendência para encontrar traços humanos em animais.
“É realmente
indescritível”, disse o fotógrafo.
“Eu comecei este projeto para entender como os
humanos transferem suas próprias personalidades para os animais e acabei
descobrindo que eles, muitas vezes, são melhores do que nós em demonstrar suas
emoções”.
“Penso que a parte mais fascinante de todo meu
trabalho foi começar a entender que os animais, sem sombra de dúvida, são
indivíduos com personalidades e traços de caráter únicos”.
“Sua linguagem corporal e reações a estímulos
definem cada um deles como um ser único”.
Apesar da crescente ligação entre Joshua e os
animais, ele está bem consciente que a distância que existe entre eles
dificilmente poderá ser superada.
“Estou absolutamente encantado com o gradual
fortalecimento dos laços de amizade que construí com cada um desses indivíduos,
ao mesmo tempo em que estou ciente de que sempre haverá uma barreira entre nós
e que não é de vidro nem de barras de metal”, acrescentou
Joshua, que retratou as emoções e a tristeza dos
animais enquanto estavam em cativeiro, no Zoológico da Pensilvânia.
“Eu faria qualquer coisa para poder dialogar com
eles e poder compreender, verdadeiramente, o que eles pensam, sentem e como
enfrentam uma vida tão apartada da natureza”.
“Eles são, muitas vezes, melhores do que nós ao
expressar suas emoções”, disse Joshua ao refletir sobre o projeto que
desenvolveu no ano passado.
Depois de receber o diagnóstico de enxaqueca
crônica, Joshua abandonou o curso de psicologia no Instituto de Tecnologia de
Rochester (Rochester Institute of Technology) para se dedicar à sua paixão pela
fotografia.
Nascido em Bitburg, Alemanha, onde seu pai ocupava
um posto na força aérea dos EUA, ele sonhava em ser fotógrafo da vida selvagem.
“Morando numa cidade da América não estou,
exatamente, perto de qualquer floresta tropical, e meu contato com a vida
selvagem limita-se à visão do desafortunado cervo à beira da rodovia”, disse
Joshua.
“O zoológico é um lugar para onde posso escapar
durante algumas horas e fotografar estes animais, nem que seja por alguns
poucos momentos”, mas Joshua sabe que o zoológico não é o lugar para estes
animais. As fotografias são sempre melancólicas e expressam toda a tristeza do
confinamento.
Joshua tem esperanças de que suas imagens de
primatas em cativeiro possam ajudar na luta pela conservação de espécies
animais.
“A indústria do óleo de palma está varrendo seu
habitat da face da terra e me dói saber que, daqui a uma ou duas gerações,
alguém com o mesmo sonho que o meu não terá outra opção, a não ser fotografar
esses magníficos animais aprisionados entre vidros e paredes”, disse o
fotógrafo.
“Eu faria qualquer coisa para poder fotografá-los
na natureza, algum dia, e me apavora pensar que eu nunca mais possa ter essa
oportunidade”.
*ANDA
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