PRECONCEITO
Animais
negros são rejeitados e ‘encalham’ para adoção
Chico, de 3 anos, é um dos inúmeros
casos. Está há dois anos em busca de um lar. O mesmo ocorre, por exemplo, com
Raposão, que tem 3 anos, e que já está na busca há um ano e meio.
O preconceito também é relatado por
Marjorie Rodrigues, fundadora do grupo OperaCÃO Resgate, de Campinas.
Todo mundo quer filhote, branquinho,
peludinho, macio e de porte pequeno. Acham que as características físicas do
animal vão dizer se ele é ou não mais carinhoso que o pretinho, de pelagem
dura, porte médio e adulto”, conta.
“Estamos com uma ninhada de cinco
filhotes quatro pretos e um loirinho. Mas ninguém se interessa pelos pretinhos;
só querem o loirinho….”, exemplifica Marjorie.
“Miguel, preto, de pelagem dura e
porte médio, ficou cinco meses para adoção. Conseguiu ser adotado porque quem
adotou o irmão dele (o Lindo, que é branquinho e de pelo macio) resolveu dar
uma chance para o Miguel também”, conta a voluntária.“Esse foi um caso de
sucesso, mas na maioria das vezes não é assim”.
Adultos
O problema, entretanto, não se resume
aos animais pretos. Conseguir um lar para os adultos – sejam eles claros ou não
-, também não é tarefa fácil.
Entretanto, embora a maior parte das
pessoas não tenha consciência, adotá-los traz, entre suas vantagens, o fato do
animal já ser mais tranquilo (tanto pela idade quanto pela castração), não
destruindo roupas e utensílios domésticos. Somam-se a isso o fato de já
saberem onde fazer suas necessidades; já virem com o temperamento definido
(diferente dos filhotes, que ainda estão em formação) e já virem com o tamanho
definitivo (porque não crescem mais).
Mas, “o mais importante é que o cão
adulto demonstra todo momento sua gratidão por ter sido escolhido. O olhar
deles e suas atitudes comprovam isso. É maravilhoso”, diz Marjorie.
Entre os adultos da Amor de Bicho,
encontram-se Buscapé, que foi despejado sedado, pelo antigo tutor, em um lugar
longe de casa para não poder voltar mais. Mas, mesmo após ser abandonado, o
cachorro voltou para o antigo tutor, em Hortolândia, por fidelidade. Vivia
amarrado embaixo do sol, sem água, nem comida. Estava lotado de pulgas e
carrapatos. Foi resgatado após denúncia. Hoje está à procura de um lar
responsável.
Já a antiga tutora de Snoopy, queria
induzir sua morte depois que ele não conseguia mais andar. Snoopy ficou doente
em consequência de Cinomose (que pode ser prevenida com vacinação anual, feita
por um veterinário). Entretanto, o Amor de Bicho o resgatou, o reabilitou e
hoje ele também está apto para adoção.
Apelo
“Estamos vivendo um momento caótico
na proteção animal. Os pedidos não param de chegar. As pessoas não têm
consciência da importância da castração – para onde se olha há filhotes
nascendo já abandonados. E, os que têm dono não são tratados devidamente:
morrem de doenças que podem ser prevenidas”, relata Ana Carolina.
Além disso, “há falta de apoio dos
órgãos públicos. Não temos, por exemplo, uma delegacia especializada, e não
temos a quem recorrer. Não damos conta de tantos pedidos de ajuda e de tantas
denúncias. Nós nos sentimos enxugando gelo”.
O pior “é que falo pelo Amor de Bicho
e por qualquer outro grupo de proteção animal, pois todos vivem o mesmo drama.
Nós seguimos fazendo nossa parte pelo amor que temos por eles, e contamos com a
ajuda de todos. Por isso, todo tipo de ajuda é bem-vinda”, completa.
O Amor de Bicho foi formado em 2013
e, desde então, conseguiu doar cerca de 400 animais de forma responsável. Está
em processo de formalização para ser uma ONG (já deu entrada nos papéis), tem
mais de dez mil seguidores no Facebook e dez voluntários que participam
efetivamente dos resgates, do cuidado com os animais e das feiras.
Hoje, tem sob sua responsabilidade 65
animais, distribuídos em lares temporários e em uma chácara que mantém. Sua
despesa mensal gira em torno de R$ 10 mil, arrecadados com doações.
Adoção
Para adotar é necessário ser maior de
idade, apresentar RG, comprovante de residência e doar 50,00 para manutenção do
projeto (praxe entre muitas ONGs).O interessado passa por uma entrevista e, se
aprovada a adoção, assina um termo de responsabilidade.
O Amor de Bicho tem um cronograma
fixo de feiras, realizadas aos sábados, seguidamente nos seguintes locais:
Pássaros e Cia, Animal Center, Pet Camp (da Marechal Carmona) e Meu Amigo Pet.
Já o CÃO Resgate faz feiras todos os
domingos no portão 2 (Concha Acústica) do Taquaral.
Adoção Responsável
· Antes de ter um animal lembre-se
que ele viverá pelo menos dez anos, e será totalmente dependente de você;
· Jamais o abandone, nem que ele
fique doente, velho, que você mude para outro lugar ou que ele roa seus sapatos:
abandonar animais é crime;
· Mantenha-o em local limpo – limpe
frequentemente o local onde vive seu amigo;
· Banhos e tosas são fundamentais,
principalmente para cães; livre seu bichinho dos carrapatos, pulgas e outros
parasitas com remédios indicados somente pelo veterinário;
· Castre-o: dessa forma você o
protege de doenças e se previne contra crias indesejadas; a castração pode ser
feita a partir dos cinco meses;
· Forneça sempre água fresca, comida
(ração de boa qualidade), carinho e assistência veterinária, quando for
preciso;
· Vacine-o anualmente para protegê-lo
de doenças; além da vacina contra raiva (da campanha do governo), existe outra
tão importante quanto: a que protege contra a cinomose, doença mortal; vacinas
somente em veterinário;
· Identifique-o, pois essa simples
providência pode ser a solução caso seu amigo venha a se perder; mantenha
portões bem fechados e nunca o deixe dar “voltinhas” sozinho;
· Ao passear com ele, sempre o
conduza com coleira e guia, e recolha os dejetos em local apropriado;
· Eduque seu animal – se for
necessário adestrá-lo, procure um profissional idôneo.
Fonte: Correio Popular
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