Ilustração de Ila Fox: www.ilafox.com |
A hora do adeus é sempre dolorida. Ainda mais quando nosso pesar, muitas vezes, tem que ser silencioso. Quando não nos dão o direito de chorar livremente a morte daquele bichinho que fez parte de nossa vida intensamente. O luto pelos animais ainda é um tabu em nossa sociedade. Para analisar essas questões, nós conversamos com a médica veterinária Ceres Faraco, que também é doutora em psicologia, professora da FACCAT (RS) e presidente da Associação Médico Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal - AMVEBBEA
Você e Seu Pet: É difícil aceitar a morte de um bichinho que ficou com a gente, 14, 15 anos. Existe uma “receita” para nos prepararmos para esse momento? Análogo às perdas de afetos humanos não há como preparar-se. Quando decidimos compartilhar nossa casa e a vida com animais de companhia iniciamos uma relação de imenso prazer, mas que nos forçará a enfrentar a inevitável tristeza da perda, a vivência do luto pela separação deste amigo precioso. Embora saibamos do curto ciclo de vida destes parceiros, quando eles se vão, este conhecimento não ajuda muito. Sentimos a perda e convivemos com o lar vazio. A perda do animal de companhia pode ser um momento devastador na vida dos parceiros humanos. Você e Seu Pet: Qual a melhor maneira de explicar a uma criança pequena a morte de um bichinho? Com a verdade, contar o suficiente para atender as perguntas que ela fará. A criança pequena ou grande precisa confiar nos seus cuidadores. Você e Seu Pet: Você considera um exagero a existência de cemitérios para animais? De forma alguma. O que ocorre é que a perda do animal de companhia ainda não é reconhecida como uma circunstância autêntica de luto. É comum o proprietário de animais de companhia ser elogiado e ter suas virtudes, o seu cuidado e a responsabilidade louvados. Paradoxalmente, quando da morte do animal não há um reconhecimento social de sua dor semelhante aos elogios recebidos anteriormente. Parece que a perda é banalizada como algo sem tanta importância O cemitério atende a possibilidade de elaborar por meio de rituais esta perda. Você e Seu Pet: Há casos irreversíveis e o veterinário recomenda a eutanásia. Podemos nos sentir culpados por tomar essa decisão? O ato de consentir com a eutanásia é particularmente perturbador para a família. Parece que o proprietário sente que traiu a confiança do animal e dos demais membros da família ao optar pela morte e não pela vida. Neste caso pesa muito a tomada de decisão. A culpa emerge de uma idéia mágica de que a vida poderia superar a morte. É um momento muito difícil e o proprietário precisa de ajuda para decidir sobre a eutanásia e de apoio para resignar-se com a perda, sem alimentar uma culpa inexistente. Você e Seu pet: É recomendável ter outro bichinho, assim que perdemos nosso companheiro ou é importante a gente cumprir um ciclo dessa dor? O luto é uma etapa de desligamento do ser real e traz a tarefa de encontrar outro espaço emocional para o ser amado perdido. Desta forma, não respeitar o tempo necessário pode ser prejudicial para todos. É necessário terminar o trabalho de luto da melhor maneira e no próprio tempo de cada familiar. SAIBA MAIS |
Comportamento animal (Etologia)
Estudos da relação humano-animal
Fisiologia do Comportamento
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