quinta-feira, setembro 15

O "PET DO GAUDÉRIO"!


Com a permissão dos meus seguidores não-gaúchos, vou prestar minha homenagem à Semana Farroupilha. Mas não vou fugir ao propósito do blog: animais. Com vocês, o "pet dos gaudérios". 
O CAVALO 


O cavalo é chamado carinhosamente de Pingo pelo gaúcho do Pampa


Pingos

*Guilherme Schultz Filho

Em cada ronda da vida
eu tive um pingo de lei.
Montado, sou como um rei,
pelo garbo e o entono.
Cavalo pra mim é um trono:
e neste trono me criei.

De piazito já encilhava
um peticinho faceiro,
que era cria de um overo
e de uma eguinha bragada:
era da cor da alvorada
o meu petiço luzeiro!

Rosado como as manhãs,
do pelo da própria infância,
mascando o freio com ânsia,
parece que até sorria...
Chamava-se "Fantasia"
e era a flor daquela estância.

Já mocito, o meu cavalo
era um ruano, ouro nas crinas,
festejado pelas chinas
que o chamavam - "Sedutor".
Formava um jogo de cor
sob os reflexos da aurora
co'os cabrestilhos da espora
e os flecos do tirador.

Naqueles tempos de quebra,
nos bolichos, ao domingo,
sempre floreando meu pingo
todos me viram pachola
com o laço a bate-cola
e virando balcão de gringo.

O meu cavalo de guerra
chamava-se "Liberdade"!
Chomico! Ouanta saudade
me alvorota o coração!
Era um mouro fanfarrão,
crioulo da própria marca
e eu ia como um monarca
na testa de um esquadrão.

Em uma carga das feias
(como aquela do Seival)
o mesmo que um temporal
rolamos por um lançante
e até o próprio comandante
ficou olhando o meu bagual.

Homem feito e responsável,
o meu flete era um tostado,
tranco macio, bem domado,
(êta pingo macanudo!)
desses que "servem pra tudo",
segundo um velho ditado.

Mui amestrado na lida,
um andar de contra-dança;
de freio, era uma balança,
campeiro, solto de patas...
Gaúcho, mas sem bravatas,
e o batizei de "Confiança"

O cavalo que encilho
nesta quadra da existência,
dei-lhe o nome de "Experiência".
É um picaço de bom trote
e levando por diante o lote
rumbeio à Eterna Querência.

E, assim, vou descambando,
ao tranco e sem escarcéu,
sempre tapeado o chapéu
por orgulho de gaúcho,
e se Deus me permite o luxo
entro a cavalo no céu! 
*Nasceu em Carazinho (RS) em 1911 e morreu em Porto Alegre, em 1976.Foi advogado e membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


História Do Cavalo Crioulo
Um animal forte e resistente, porém dócil e amigável. Companheiro sempre presente na história e na vida do gaúcho, o Cavalo Crioulo foi escolhido como o animal símbolo do estado do Rio Grande do Sul.
A lei nº 11.826, de agosto de 2002, declara que tanto o “Quero-Quero” ave típica da região, quanto o Cavalo Crioulo são bens integrantes do Patrimônio cultural e natural do estado.
Descendente dos cavalos trazidos à América por colonizadores portugueses e espanhóis, o Cavalo Crioulo traz em seu sangue uma herança Andaluz, mesclada com o berbere primitivo e o cavalo europeu de origem celta, soloutre e germânica. Dessa mistura de raças, surgiu no Pampa Gaúcho um cavalo extremamente resistente, capaz de suportar invernos rigorosos e o calor intenso do verão. Um cavalo potente e forte com capacidade para subsistir mesmo em condições extremas sem perder o vigor característico da raça.
Mesmo em se tratando de um animal então, não domesticado como os Mustangs, os cavalos selvagens da América do Norte, o Cavalo Crioulo logo se tornou companheiro de caça e de trabalho , meio de transporte e camarada de lazer tanto dos índios missioneiros quanto dos colonos que ocupavam as terras e o utilizavam na lida campeira.
O Cavalo Crioulo foi também companheiro de batalhas, muitas das quais travadas neste chão, porque o Rio Grande se conquistou e se fez também nos lombos dos cavalos.
Por representar a força e a raça de um povo heroico, forte e aguerrido, o Cavalo Crioulo cuja origem se confunde com a história deste chão, é hoje um dos símbolos do estado que tem orgulho de ter sido forjado com luta, trabalho e valor.

Fonte: vivendoatradicao.blogspot.com

CONSELHOS


A grande maioria dos conselhos gaúchos está relacionada com o cavalo, seu comportamento ou afins: lidas campeiras, arreios. Aqui vão alguns, colhidos do livro Mala de poncho, de Raul Annes Gonçalves:
      “Praga de urubu não mata cavalo gordo.”
      “Desconfiado como bagual torto.” (Cego de um olho)
      “No mover dos cascos.” (Resolver agir logo, no ato)
      “Perder os estribos.” (Perder o controle)
      “Dar um sofrenaço.” (Puxar, de golpe, o freio; repreender duramente)
      “Dar a mão.” (Se deixar pegar, referência do cavalo no potreiro)
      “Trocar orelha.” (Estar alerta ou desconfiado)
      “Batendo orelha.” (De igual para igual, referência ao fato de que quando dois parelheiros estão empatados, as orelhas estão na mesma linha)
      “Amigo e cavalo não se ocupa toda a hora: só nas ocasiões.”
      “Laço, mulher e arma não se empresta.” O colono italiano substitui o “laço” por “livros”: “Libri, donne e cavai, no s’impresta mái.” (“Livros, mulheres e cavalos não se emprestam nunca”). Já o citadino prefere substituir “cavalo” por “escova de dentes”.
      “Andar com as cinchas nas virilhas.” (Andar mal de finanças)
      “Andar de freio e pelego na mão.” (Estar desocupado, procurando emprego, necessitado)
      “Não há ginete que não caia. Só não cai quem nunca monta.” (Ninguém é infalível)
      “Não rebenta um laço.” (Pessoa fraca, de pouca coragem ou ação)
      “Andar de estribo frouxo.” (Andar folgado, aliviado)
      “Morrer com a sina do cavalo.” (Morrer sem deixar filhos: o cavalo é o garanhão castrado, portanto estéril)
      “Cavalo maneado também pasta.” (Alusão ao homem casado que namora)
      “Tirar na garupa.” (Ajudar, auxiliar, vir em favor. Esta expressão tem origem nas batalhas, quando o guerreiro, ferido e desmontado, é salvo pelo companheiro que o leva na garupa do seu cavalo.)
      “Cavalo bom não mete pata em buraco”. Corresponde ao “Macaco velho não põe a mão em cumbuca”.

     UM POUCO DE HISTÓRIA
REVOLUÇÃO FARROUPILHA

Causas:
    O Rio Grande do Sul foi palco das disputas entre portugueses e espanhóis desde o século XVII. Na ideia dos líderes locais, o fim dos conflitos deveria inspirar o governo central a incentivar o crescimento econômico do sul, como pagamento às gerações de famílias que se voltaram para a defesa do país desde há muito tempo. Mas não foi isso que ocorreu. 

A partir de 1821 o governo central passou a impor a cobrança de taxas pesadas sobre os produtos rio-grandenses, como charque, erva-mate, couros, sebo, graxa, etc. No início da década de 30, o governo aliou a cobrança de uma taxa extorsiva sobre o charque gaúcho a incentivos para a importação do importado do Prata. 
Ao mesmo tempo aumentou a taxa de importação do sal, insumo básico para a fabricação do produto. Além do mais, se as tropas que lutavam nas guerras eram gaúchas, seus comandantes vinham do centro do país. Tudo isso causou grande revolta na elite rio-grandense.
A revolta:
 Em 20 de setembro de 1835, os rebeldes tomam Porto Alegre, obrigando o presidente da província, Fernandes Braga, a fugir para Rio Grande. Bento Gonçalves, que planejou o ataque, empossou no cargo o vice, Marciano Ribeiro. O governo imperial nomeou José de Araújo Ribeiro para o lugar de Fernandes Braga, mas este nome não agradou os farroupilhas (o principal objetivo da revolta era a nomeação de um presidente que defendesse os interesses rio-grandenses), e estes decidiram prorrogar o mandato de Marciano Ribeiro até 9 de dezembro. Araújo Ribeiro, então, decidiu partir para Rio Grande e tomou posse no Conselho Municipal da cidade portuária. Bento Manoel, um dos líderes do 20 de setembro, decidiu apoiá-lo e rompeu com os farroupilhas.

    Bento Gonçalves então decidiu conciliar. Convidou Araújo Ribeiro a tomar posse em Porto Alegre, mas este recusou. Com a ajuda de Bento Manoel, Araújo conseguiu a adesão de outros líderes militares, como Osório. Em 3 de março de 36, o governo ordena a transferência das repartições para Rio Grande: é o sinal da ruptura. Em represália, os farroupilhas prendem em Pelotas o conceituado major Manuel Marques de Souza, levando-o para Porto Alegre e confinando-o no navio-prisão Presiganga, ancorado no Guaíba.
    Os imperiais passaram a planejar a retomada de Porto Alegre, o que ocorreu em 15 de julho. O tenente Henrique Mosye, preso no 8o. BC, em Porto Alegre, subornou a guarda e libertou 30 soldados. Este grupo tomou importantes pontos da cidade e libertou Marques de Souza e outros oficiais presos no Presiganga. Marciano Ribeiro foi preso e em seu lugar foi posto o marechal João de Deus Menna Barreto. Bento Gonçalves tentou reconquistar a cidade duas semanas depois, mas foi batido. Entre 1836 e 1840 Porto Alegre sofreu 1.283 dias de sítio, mas nunca mais os farrapos conseguiriam tomá-la.
    Em 9 de setembro de 1836 os farrapos, comandados pelo General Netto, impuseram uma violenta derrota ao coronel João da Silva Tavares no Arroio Seival, próximo a Bagé. Empolgados pela grande vitória, os chefes farrapos no local decidiram, em virtude do impasse político em que o conflito havia chegado, pela proclamação da República Rio-Grandense. O movimento deixava de ter um caráter corretivo e passava ao nível separatista.

Outras informações: www.papasonline.com.br
                                 www.semanafarroupilha.com.br



Descrição: http://www.pampasonline.com.br/tradicao/fill.gif

2 comentários: