sábado, março 3

AS QUATRO FASES DOS PROTETORES DE ANIMAIS

Recebi por e-mail da protetora Elaine Mattoso Padilha e repasso para vocês para reflexão:




 
Fase 1
Determinados, estamos decididos a mudar o mundo. Sabemos que podemos fazer diferença, que os nossos esforços em favor dos animais vão aliviar as suas difíceis condições. Trabalhamos o que parecem ser 25 horas por dia e ainda assim estamos com energia. Os nossos entusiasmos ultrapassam os limites, a nossa capacidade de aceitar desafios é infinita!
Comemos, dormimos e vivemos para a causa animal. Os nossos amigos não entendem a nossa obsessão e afastam-se ou simplesmente vão embora, ou nós os abandonamos, pois encontramos novos amigos. Alguns, contudo, não fazem novos amigos, estão muito ocupados a trabalhar na causa animal.
Alguns de nós tornam-se solitários, apenas a companhia dos nossos cães e gatos nos separam da total isolação. Todavia estamos satisfeitos porque trabalhamos para uma causa. Em nosso entusiasmo, tentamos encontrar soluções simples para problemas complexos - Todos os animais devem ser castrados - Nenhum animal deve ser sacrificado!
Estamos sempre atrasados porque tentamos resgatar animais das estradas e ruas. Achamos que entendemos o problema e sabemos que podemos solucioná-lo se as pessoas saírem do nosso caminho.
Fase 2
O nosso entusiasmo inicial tornou-se amargo. Vemos as mesmas pessoas a abandonar animais. Elas não ouviram a nossa mensagem. Até mesmo os nossos amigos (aqueles que ainda não nos abandonaram) não nos compreendem. Parece que não conseguimos atingir ninguém.
Os animais ainda são maltratados e negligenciados. O sofrimento dos animais continua, apesar de todos os nossos esforços. Perdemos a energia sem fim que tínhamos na fase 1. Não queremos mais falar sobre o trabalho, e nem mesmo admitimos onde trabalhamos. Estamos sempre cansados. Parece que passamos o dia todo na luta em prol aos animais. Quando chegamos em casa fechamos as portas, desligamos a secretária electrónica e fechamos as persianas. Estamos muito exaustos para cozinhar, partimos para fast food, pizza, batatas fritas ou chocolates.
Alguns de nós compram objectos desnecessário que nem sequer podem pagar. Alguns partem para o alcoolismo para tentar afastar o sentimento de desespero.
Ignoramos a nossa família, e até mesmo os nossos próprios animais não têm a atenção devida. Parece até que não temos forças para por em acção nenhuma das mudanças que nos impulsionaram na fase 1. Ficamos horrorizados com o trabalho que fazemos. Até mesmo nossos sonhos são repletos de horrores. Cada animal que resgatamos e sacrificamos é um lembrete de nosso fracasso. De alguma forma nos culpamos por todo este insucesso. Isto destrói-nos!!!
O nosso escudo de defesa torna-se cada vez mais alto, bloqueando a dor e a tristeza. Apenas ele faz com que as nossas vidas se tornem de alguma forma mais toleráveis.
Apenas continuamos porque dentro de nós ainda resta uma fagulha da fogueira de energia da fase 1.
Fase 3
A depressão da fase 2 transformou-se em raiva. Estamos enlouquecidos de raiva. A desesperança chegou ao limite! Começamos a odiar as pessoas. Toda e qualquer pessoa, COM EXCEPÇÃO daqueles que dedicam suas vidas em prol aos animais da MESMA FORMA QUE NÓS FAZEMOS.
Odiamos até mesmo nossos companheiros de causa quando ousam nos questionar. Especialmente sobre sacrificar animais. Ocorre-nos: Vamos sacrificar os proprietários, não os animais! Vamos sacrificar aqueles que maltratam e abusam dos animais ao invés deles!
A nossa fúria expande-se para nossa vida particular. Para a pessoa à nossa frente no trânsito. Aquele que está no nosso caminho na rua. Pensamos: Vamos sacrificá-los também!
Odiamos políticos, TVs, jornais, a nossa família. Todos são alvos da nossa fúria, desprezo e ódio. Perdemos toda a perspicácia e eficiência.
Não nos conseguimos ligar à vida. Até mesmo os animais que acolhemos parecem de certa forma distantes e irreais. A raiva é a única ponte para nossa caridade. É o único sentimento que penetra em nosso escudo.
Fase 4
Eu sei que estive em todas as fases nos meus trinta anos de protecção animal e a fase 4 é, de longe, o melhor ponto a se atingir. Algumas pessoas estacionam na fase 1 (fanáticos) ou 2 (depressivos) ou 3 (irados). Alguns voltam da 4 para a 2 e a 3, ou ainda, da 4 para 3 ou da 4 para a 2.
Alguns abandonam o trabalho voluntário durante as fases 2 e 3 e nunca mais voltam. Alguns conseguem passar para a fase 4 rapidamente, enquanto outros levam anos. Alguns nunca atingem a paz que os permite seguir servindo ao trabalho voluntário. Eles actuam a vida inteira no frenesim da fase 1 ou estacionam definitivamente deprimidos ou raivosos.
Com o tempo, a depressão da fase 2 e a raiva da fase 3 podem tornar-se renovadas através de uma nova determinação e compreensão de qual é realmente nossa missão. Esta é a fase 4. Percebemos que trabalhamos efectivamente localmente e em alguns casos regionalmente, ou até mesmo nacionalmente. Não resolvemos o problema (quem poderia?) mas fizemos uma grande diferença para dúzias, centenas e até milhares de animais. Mudamos a visão daqueles que nos rodeiam a respeito de protecção aos animais. Começamos a compreender qual é o papel mais adequado para nós na sociedade, e começamos a perceber que somos mais eficazes quando balanceamos nossa vida pessoal e vida de voluntário. Compreendemos que o voluntariado não deve preencher todo o nosso universo. Se dermos a devida atenção também a nossas vidas, podemos ser mais eficientes no voluntariado em prol aos animais.
Férias e Finais de Semana devem ser curtidos! Ao voltarmos estamos renovados e prontos para encarar os desafios diários. Vemos que as pessoas não são tão más. Percebemos que a ignorância é natural e na maioria dos casos é curável. Sim, existem pessoas realmente más que abusam e negligenciam os animais, mas são minoria. Não os odiamos.
Reconhecemos que as soluções são tão complexas quanto os problemas e trazemos um grande número de ferramentas para solucionarmos esses problemas. Os nossos escudos baixam-se. Aceitamos que tristeza e dor são parte de nosso trabalho. Damos um pequeno passo por vez.
Paramos de mascarar os nossos problemas com drogas, comida ou isolação. Enfim reconhecemos nosso potencial para ajudar os animais. Estamos a mudar o mundo.
 
Autor: *Douglas Fakkema, publicado na revista Animal Sheltering de Abril de 2001.Tradução BrasileiraJanaína BrasílioTradução PortuguesaUm voluntário SOSAnimal
*Doug Fakkema conduz palestras sobre métodos de eutanásia para animais nos Estados Unidos. Actuou como director dos abrigos de Oregon e California por 19 anos.
 
(versão brasileira recebida por : Maria Teixeira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário