No lugar do terapeuta
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Ao longo dos séculos, os animais
sempre estiveram próximos do homem participando de atividades de caça,
tração, locomoção, pastoreio, guarda e companhia. Esses vínculos com bichos
de estimação transformaram tanto o estilo de vida das pessoas quanto os hábitos
dos bichos (embora na maior parte das vezes eles sejam vítimas do ser
humano). Nas últimas décadas, porém, surgiu um dado novo: o crescente
interesse científico pelo estudo do potencial terapêutico dessa interação.
Várias possibilidades de intervenção com a participação de animais têm aberto
perspectivas de uso de recursos terapêuticos auxiliares para os profissionais
da saúde e da educação. Atualmente, muitos reconhecem que em geral os cães
reúnem características que facilitam a aproximação com pacientes, como
disponibilidade para oferecer carinho, o que desperta o afeto nos seres
humanos e instiga o desejo de cuidar do outro – ainda que esse outro seja um
cão.
O primeiro relato da participação de animais em tratamento de saúde na sociedade ocidental contemporânea é do final do século XVIII , na Inglaterra. O Retiro de York, instituição psiquiátrica que empregava métodos terapêuticos considerados mais humanos para a época, mantinha coelhos, gaivotas, falcões e aves domésticas nos pátios e jardins frequentados pelos pacientes. Essas criaturas eram, geralmente, muito familiares, e acredita-se que, muito mais que um prazer inocente, despertavam sentimentos de sociabilidade e benevolência nos internos. No século XIX houve um grande crescimento da participação de animais nas instituições mentais de vários países. Mais tarde, quando os primeiros textos científicos começaram a ser publicados, tal prática já não era tão rara. Em 1944, James Bossard escreveu um artigo sobre o papel dos animais domésticos na família, em especial para crianças pequenas. Mas foi na década de 60 que o psicólogo americano Boris M. Levinson iniciou uma série de estudos de situações clínicas nas quais a presença do animal era fundamental no processo terapêutico. Um cachorro, por exemplo, poderia satisfazer a necessidade humana de lealdade, confiança e obediência. A relação da criança com o animal permite nuances num nível intermediário, que diferem das interações estabelecidas com pessoas e objetos inanimados. Afinal, ainda nos primeiros anos é possível perceber que brinquedos não podem dividir sentimentos, pois não são vivos, não crescem nem respondem. Segundo Levinson, “diferentemente da relação que estabelece com a boneca, a criança pode conceber o animal como parte de si mesma, de sua família, capaz de passar pelas mesmas experiências que vive”. Esse relacionamento oferece aos pequenos a possibilidade de se expressar com mais liberdade. Posteriormente aos estudos de Levinson, merecem destaque as pesquisas dos psiquiatras Samuel e Elizabeth Corson. Na década de 80, eles usaram cães na psicoterapia em instituições psiquiátricas. A experiência foi realizada com 50 pacientes com alto grau de introversão que não respondiam ao tratamento convencional e relutavam em estabelecer contatos. Apenas três deles não apresentaram melhoras em seu estado clínico. Os demais desenvolveram, gradualmente, desejo de independência, sentimentos de autoestima e senso de responsabilidade.
(Por Sabine Althussen,
mestre em psicologia clínica pela USP)
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Estão todos convidados a embarcar nesta verdadeira "Arca de Noé" para navegarmos em lindas histórias e discutirmos as questões do relacionamento homem-animal.
sexta-feira, abril 27
"DR.FREUD"
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